Terceirização ampliada é adiada novamente

A votação do projeto que regulamenta a terceirização no país foi adiada novamente pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), após pressão de partidos da base do governo e da oposição. O tema voltará a ser discutido na próxima quarta-feira (22).

terceirizac3a7c3a3o-de-mc3a3o-de-obra-condominioNa semana passada, foi aprovado o texto principal do projeto, com amplo apoio dos parlamentares, com exceção, principalmente, do PT.

Nesta semana, estavam sendo discutidas emendas propostas pelos deputados. São quase 30 sugestões apresentadas individualmente e cerca de 15 emendas que agrupam propostas. Alguns partidos, como o PSDB, mudaram de posição e ameaçaram rever os principais pontos já aprovados. O partido vai liberar seus 52 deputados federais a votar como quiserem. Sob o argumento de que estudou melhor o tema e que é sensível à pressão das redes sociais, o partido rachou ao meio.

Ontem, a votação foi interrompida depois que foi aprovado um destaque do PSDB que tirou as empresas estatais do projeto. Na prática, elas não ficarão liberadas para terceirizar todas as suas atividades.

Nesta quarta-feira (15), a primeira questão a ser votada era o pedido de adiamento da votação, feito pelo governo. Vários partidos estavam a favor de postergar as discussões, inclusive os tucanos. No meio da votação, Cunha interrompeu os trabalhos e fechou acordo com os parlamentares para encerrar as discussões por hoje.

A proposta, que tramita desde 2004, libera a terceirização de todas as atividades de uma empresa privada.

Para as estatais, vale a Súmula do Tribunal Superior do Trabalho que proíbe que as empresas terceirizem a outras qualquer etapa de sua chamada atividade-fim.

Alguns parlamentares, no entanto, tenta limitar a terceirização às atividades secundárias, como limpeza e vigilância em uma montadora, por exemplo.

Outro ponto polêmico é a retenção antecipada, pela contratante, do INSS devido pela terceirizada. Há três propostas para incluir essa regra no projeto, uma do PT, uma do PMDB e outra do Solidariedade. A primeira prevê um recolhimento maior de tributos e posterior devolução pelo governo do que for pago a mais.

Alguns deputados também querem que a contratante responda solidariamente pelos direitos dos seus empregados. No seu formato atual, o projeto diz que é necessário primeiro acionar a terceirizada na Justiça.

Por outro lado, a nova lei obriga a prestadora a fazer um depósito para garantir o pagamento de direitos trabalhistas. Também obriga o contratante a fiscalizar mensalmente se as obrigações estão sendo recolhidas.

Para os defensores do projeto, ele garante os direitos dos 12 milhões de terceirizados no país. Quem é contra diz os demais trabalhadores serão prejudicados.

Integrantes de centrais como a CUT, além de partidos como PSTU, PCB, PCdoB e Psol promoveram manifestações por todo o país contra o projeto nesta quarta.

DERROTA

O adiamento é a primeira derrota política de Cunha desde que ele assumiu o cargo, em fevereiro, e foi comemorado por parlamentares do governo.

Cunha disse que não houve derrota e que ele apenas atendeu a um apelo. Segundo ele, partidos que não defendiam o adiamento mudaram de posição. Principalmente depois que apareceram novas emendas que não eram de conhecimento da maioria dos parlamentares.

O presidente da Câmara disse acreditar que a maioria dos deputados votaria para manter a votação, como ele queria. “Eu acho que não iria adiar, pelo termômetro que eu tenho. Mas ia ser uma maioria precária”, afirmou. “Seriam votações muito apertadas e acabaria não rendendo.”

Afirmou também que o acordo firmado hoje prevê que não haverá utilização de outras matérias para trancar a pauta de votação. “O compromisso de todos é que nada será obstruído. Tudo que aparecer para votar a gente vota.”

Cunha afirmou que os líderes da Câmara podem tentar um acordo até quarta-feira para retirar pelo menos parte das emendas que reúnem sugestões para alterar mais de um artigo do projeto. Quando duas emendas desse tipo tratam do mesmo assunto, a aprovação da primeira impede que a segunda seja votada.

Outra opção seria reunir os pontos sobre os quais possa haver acordo em uma única emenda e deixar os demais para votações em separado.

Fonte: Folha de S.Paulo

Nova NF-e Nacional unificará emissão fiscal no país a partir de 2026

Empresas devem iniciar adaptações já em 2025 para atender ao novo modelo fiscal, que conviverá com o sistema atual até 2033.

16/06/2025

 

A partir de julho de 2025, empresas de todo o país iniciarão a fase de testes da nova Nota Fiscal Eletrônica Nacional (NF-e Nacional). O modelo, que substituirá os sistemas estaduais atualmente utilizados para emissão de documentos fiscais, será obrigatório em 2026.

A mudança faz parte do processo de simplificação fiscal promovido pela Reforma Tributária, sancionada em 2024, e exigirá das empresas uma reestruturação profunda em seus sistemas fiscais e operacionais. O prazo de adaptação é considerado apertado por especialistas, especialmente diante da complexidade tributária brasileira e da necessidade de operarem dois modelos fiscais simultaneamente até 2033.

 

O que é a NF-e Nacional

A Nota Fiscal Eletrônica Nacional foi desenvolvida para unificar os sistemas estaduais de emissão de notas fiscais no Brasil. O novo modelo será obrigatório para todos os contribuintes que emitem a NF-e modelo 55 (Nota Fiscal de Produtos) e a NFC-e modelo 65 (Nota Fiscal ao Consumidor Eletrônica).

Além da unificação, a NF-e Nacional já está estruturada para atender às novas exigências trazidas pela Reforma Tributária. O documento fiscal terá campos específicos para a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e para o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que substituirão tributos como PIS, Cofins, ICMS, IPI e ISS.

 

Fase de testes e cronograma de implantação

A implantação da NF-e Nacional começará com uma fase de testes a partir de julho de 2025. Essa etapa permitirá que empresas, desenvolvedores de software e órgãos fiscais ajustem seus sistemas e processos ao novo modelo.

A partir de 2026, a emissão da NF-e Nacional passará a ser obrigatória em todo o país. No entanto, o sistema atual de emissão continuará válido até 2032, com a possibilidade de prorrogação até 2033. Durante esse período, as empresas terão que administrar simultaneamente dois regimes fiscais: o modelo vigente e o novo modelo nacional.

Essa convivência prolongada exigirá investimentos em tecnologia, parametrização de sistemas e treinamento de equipes para garantir a conformidade tributária em ambas as modalidades.

 

Impactos da NF-e Nacional para as empresas

A implementação da NF-e Nacional exigirá uma série de ajustes nos sistemas de gestão (ERPs) das empresas. Será necessário:

Reconfigurar os parâmetros de emissão fiscal para atender ao novo layout da nota;
Ajustar regras de validação e cálculos tributários;
Adaptar processos internos para tratar das novas obrigações fiscais;
Garantir a correta apuração e escrituração dos novos tributos CBS e IBS.
Especialistas alertam que empresas que não iniciarem o processo de adequação com antecedência podem enfrentar riscos significativos, como autuações fiscais, inconsistências nos documentos e perda de produtividade.

Segundo a Receita Federal, a adaptação é fundamental para evitar falhas operacionais durante o período de transição e para assegurar que a apuração dos créditos tributários ocorra corretamente.

 

Desafios da convivência entre dois modelos fiscais

Um dos maiores desafios para as empresas será a convivência entre o modelo atual e a NF-e Nacional até 2033. Durante esse período, será necessário emitir notas fiscais em ambos os sistemas e manter o controle rigoroso sobre a apuração de tributos nos dois modelos.

Além disso, ainda existem pontos indefinidos sobre a Reforma Tributária que impactam diretamente a operacionalização da NF-e Nacional, como a definição da alíquota final da CBS e do IBS. Estimativas indicam que a carga tributária somada desses novos tributos poderá ultrapassar 25%, o que reforça a necessidade de planejamento financeiro e fiscal.

 

Vantagens esperadas com a nova NF-e

Entre os benefícios da NF-e Nacional estão:

Maior simplificação no processo de emissão fiscal;
Redução da cumulatividade dos tributos;
Maior transparência na apuração de créditos fiscais;
Integração facilitada entre os entes federativos;
Padronização nacional das regras fiscais.
De acordo com o Ministério da Fazenda, a nova nota fiscal eletrônica faz parte de um esforço para modernizar o sistema tributário brasileiro e reduzir a complexidade fiscal que hoje impõe altos custos de conformidade às empresas.

 

Urgência na adaptação

Diante do cronograma estabelecido, especialistas recomendam que as empresas iniciem imediatamente o planejamento e a atualização de seus sistemas. Segundo a Receita Federal, o período de testes será crucial para que empresas e fornecedores de software possam validar o correto funcionamento das novas exigências.

“Empresas que deixarem para adaptar seus sistemas apenas na véspera da obrigatoriedade correm sérios riscos de não conseguir cumprir os novos requisitos fiscais, o que pode gerar autuações e prejuízos operacionais”, alertou a Receita em nota técnica.

Além da atualização tecnológica, será necessário capacitar as equipes envolvidas no processo de emissão fiscal, incluindo áreas de contabilidade, tecnologia da informação e operação logística.

 

Próximos passos para as empresas

Para garantir uma transição segura, as empresas devem:

Verificar com seus fornecedores de ERP a disponibilidade de atualizações compatíveis com a NF-e Nacional;
Iniciar o mapeamento de processos internos que precisarão de ajustes;
Acompanhar a publicação de normas complementares da Receita Federal e dos fiscos estaduais e municipais;
Participar ativamente da fase de testes para identificar possíveis falhas antes da obrigatoriedade.

Com informações adaptadas da Agência Noar

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