Duas escolas com alunos de perfil socioeconômico e cultural semelhante e pertencentes à mesma rede de ensino nem sempre têm o mesmo desempenho nas provas de avaliação externa. O que ocorre em cada uma delas para justificar a diferença? Por acreditar que é a gestão escolar que garante um resultado melhor (ou pior), a Fundação Victor Civita (FVC) realizou o estudo Práticas Comuns à Gestão Escolar Eficaz, com patrocínio da Abril Educação-Ser, do Instituto Unibanco e do Itaú BBA.
Entre abril e setembro, 14 pesquisadores coordenados pelo cientista político Fernando Luiz Abrúcio, professor de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas (FGV), de São Paulo, estudaram dez escolas em quatro municípios de São Paulo. Para chegar a elas, foi utilizado um modelo estatístico criado por Francisco Soares, da Universidade Federal de Minas Gerais (leia mais no quadro abaixo).
Divididas em pares (duas unidades em condições semelhantes, mas com resultados diferentes na Prova Brasil), elas foram visitadas e analisadas, e a conclusão é que, sim, as que têm uma gestão mais eficaz são as que obtêm notas melhores. Segundo o estudo, são quatro os “segredos” da boa gestão escolar, aspectos que podem ser replicados em todo o país para melhorar a aprendizagem.
– A formação dos gestores.
– A capacidade do diretor de integrar todas as áreas de atuação no dia a dia.
– A atenção dedicada às metas de aprendizagem, medidas nas avaliações externas.
– A habilidade para criar um clima positivo de trabalho na escola.
Mapa Interativo
Experimente navegar em um mapa interativo e descubra exemplos de integração das diversas áreas da gestão.
Em foco, o “efeito escola”
A escolha das dez escolas analisadas partiu de um modelo estatístico batizado de “efeito escola”. Partindo dos resultados da Prova Brasil, o professor Francisco Soares, da UFMG, retirou os fatores externos que podem interferir no desempenho dos alunos (condição social e econômica das famílias e do entorno). Isso permite afirmar que duas ou mais escolas têm situação semelhante – e, com base nessa informação, tentar entender por que elas obtêm notas diferentes. “A intenção é medir a influência das ações de dentro da própria escola, especialmente as de gestão”, explica Soares. Os pesquisadores fizeram 152 entrevistas, organizaram 25 grupos de discussão com a comunidade e acompanharam 15 reuniões das equipes gestoras, 14 encontros pedagógicos e 15 aulas – em oito unidades municipais e duas estaduais de quatro municípios paulistas.
Fonte: Gestão Escolar